quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tecnologia

No ano de 2471 foi finalmente lançado, numa campanha interplanetária o que o avanço tecnológico alcançara.

O Cérebro Eletrônico!

Aplausos, mais aplausos, assobios de todo o lado, olhos brilhavam e pessoas gritavam em completo êxtase.

“Aposente seu Tico e Teco! Eles merecem!” Dizia os cartazes flutuantes.

Irvian 211 foi o primeiro homem a comprar esse tão falado cérebro eletrônico. “Qual o propósito de ser rico se você ainda precisa pensar por si mesmo?” Foi o argumento usado pelo vendedor Irvian 702 (obviamente mais avançado, mas também obviamente mais pobre) para que Irvian 211 comprasse o mais novo artifício cientifico.

Na própria empresa desenvolvedora do Cérebro Eletrônico lhe foi instalado o chip do tamanho de uma almôndega, mas de cheiro não tão bom. Saiu de lá uma semana depois com tudo no lugar. Um botãozinho fora instalado em seu umbigo com o propósito de ligar e desligar seu Tico e Teco versão 2.0.

Foi-lhe muito útil no trabalho, finalmente sabia o que realmente fazia no horário comercial. O que fora uma charada por vinte e dois anos agora era muito claro... Pelo menos enquanto o Cérebro Eletrônico estivesse ligado. Quando desligado Irvian fazia a mesma cara de iguana que sempre fizera no trabalho.

- Pois é Irvian 211, o que achou desse novo modernismo pós-apocalíptico do planeta Pluto?

- Caro amigo, achei incrível. O modo como usaram a autodestruição infligida contra a raça Plutana por séculos de auto-afirmação e relacionamentos telepáticos e sociopáticos em seu próprio beneficio causando um apocalipse moderno, e logo dividindo a política entre pequenas partículas comandadas por células desinteligentes implantadas nos animais criados psicologicamente por cientistas húngaros durante a 2° Guerra Interplanetária foi extremamente brilhante.

Todos olhavam para ele em extrema concentração. Estavam eles diante do homem mais inteligente do mundo?

- Não tinha pensado por esse lado Irvian 211, análise brilhante meu caro amigo.

Desativou seu cérebro auxiliar no caminho para casa. Sentia-se o mestre do universo, não havia nada que não sabia, nunca mais faria papel de idiota assistindo o horário político interplanetário. Ele era um novo homem.

Chegou em casa com um sorriso de puro prazer. Era inabalável.

- Irvian amorzinho... – Gritou sua mulher.

- Sim Irviana 22.

- Quer me ajudar a escolher qual cor usar para pintar a parede da sala?

Essa era sua chance de causar arrepios a sua mulher, deixá-la na lua de orgulho por estar casada com tamanho homem.

- Claro Irviana minha querida.

Irviana estava com as mãos na cintura, olhava para a parede branca enquanto seus escravos do planeta terra seguravam contra a parede amostras de cores.

- Estive pensando em usar aquele verde atlântico direto da antiga mata atlântica.

- Não seja tola querida. Essa tal de mata atlântica nunca existiu. Tudo conversa para alienígena arrotar.

Ele ligou seu mais novo dispositivo e analisou as cores.

- Hum... Acho que aquele cinza Naviário ficará perfeito. Entrará em perfeita harmonia com os moveis da sala. Desde o piso feito de capacetes do planeta Haven até os candelabros da Paris 1812 – ele fez uma pausa levando a mão ao queixo - acho que devemos mudar os sofás de lugar para que a luz do terceiro sol tenha livre passagem para iluminar as samambaias cristãs, e que os macacos ateus das Américas parem de comer suas plantas... Olhe que lindo seria se pudéssemos colocar aquele tapete feito de cobras venenosas da áfrica que sua mãe me deu de aniversário no centro da sala.

- Irvian. Cala a boca. Se for dar uma de espertinho pra cima de mim, o senhor vai dormir nesse tapete de que fala. Que maldição. Se não tem nada inteligente pra falar... Quer saber? Cala a boca e vai pro seu quarto.

Ele desligou o botão.

- Malditos cientistas solteiros!


Dedicado a Carolzinha, escritora do engraçado blog Suave Pimenta, que me obrigou a sentar minha bunda em frente ao PC e escrever um novo texto. Brigadoo Minha Fã Número 1... e obviamente, todo mundo que lê meu humilde (convencido = off) blog. =)